16/03/2013

ANDREAS KISSER – Hubris I & II (2009) [9/10]

Uma obra de arte de muita sabedoria e sensibilidade.

Este é o primeiro e único álbum a solo até ao momento de Andreas Kisser, conhecido guitarrista no panorama metálico pelo seu lugar nos Sepultura desde o seu segundo álbum “Schizophrenia” de 1987. “hubris I & II” é dividido em dois cds, sendo que o primeiro é mais baseado num Rock acompanhado de bateria, baixo, e por vezes teclas e voz de vários convidados ou mesmo de Andreas. O segundo disco é composto por baladas apenas com sons de guitarra limpos à laia de umas boas “Kaiowas”, se é que me faço entender.

Após ouvir o primeiro disco é quase inevitável o enorme talento deste senhor, possuidor de um estilo de guitarra bastante personalizado e capaz de criar aqui sozinho, excelentes temas carregados de bons riffs e solos extraordinariamente diferentes. Apesar de adorar o disco 1, é no segundo que somos induzidos na sua maior sensibilidade e criatividade com um punho de grandes temas acústicos instrumentais.

“Eu humano” é uma malha cantada em português e completamente conseguida. Baseada num só riff com cheiro a punk rock que se repete constantemente, todos os desenhos de guitarra colocados em cima, assim como a voz protestante de Andreas, fazem deste um dos melhores temas daqui.

“Virgulandia” é já cantado em inglês e merece ser mencionado. Uma grande e contagiante malha, possuidora duma muito boa voz limpa convidada. Apesar de melódico tem alguns riffs que já nos dão um cheiro aos Sepultura. Na verdade, até acho que esta música poderia ser um tema dos Sepultura, caso fosse Derrick Green a cantar.

“God’s Laugh” é bastante boa também, possuindo um excelente e magnífico trabalho de guitarra de Andreas Kisser, o “rei” deste “hubris”. Conta também com outra voz convidada que desta vez faz uma espécie de rap protestante cantado em português, falando do povo e das favelas do Brasil.

Não tirando o valor a estes 3 temas do primeiro disco que mencionei, é em “Em busca do ouro” que este excelente primeiro disco vê o seu ponto mais alto. É um tema onde poucas palavras podem descrever a sua beleza. Bastante sereno de início, o tema vai progressivamente ganhando uma força tremenda, onde a bela e única voz de Zé Ramalho destila um misto de tristeza e inspiração.

Do segundo disco é muito difícil mencionar uns dois ou três temas que tenha gostado mais, são todos muito bons. Temos aqui algo que não só os fãs do trabalho de Kisser mas sim todas as pessoas que afirmam gostar de música deveriam de ouvir. Não há espaço para vozes aqui, excetuando o último tema. De resto, todas as emoções são transmitidas principalmente pelas excelentes guitarradas límpidas e cristalinas de Kisser.

“Worlds Apart” é lindíssima e conta também com um grande trabalho de teclas. “Breast Feeding” é uma potente fusão, roçando até um pouco de Bossa Nova por vezes. “Armonia” e “Mythos” são duas curtas faixas de pouco mais de um minuto e são ambas de arrepiar todos os pelos do braço, dois temas incríveis e apaixonantes. Incrível e apaixonante… São os dois adjetivos mais adequados para descrever este segundo disco de “hubris I & II”.

Uma obra de arte de muita sabedoria e sensibilidade, deixando-nos a pedinchar por mais um álbum a solo deste grande artista brasileiro que carrega o nome dos Sepultura de hoje em dia.

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